Hoje finalmente peguei a marginal Pinheiros na via lateral, a 50 km/h na minha CG 150. Reflexões dessa experiência:
1 – Não é tão mais devagar do que o fluxo da via normalmente, porque os motoristas paulistanos sofrem de uma disformia interpretativa iconográfica aguda que ao ver um radar de velocidade imediatamente metem o pé no freio e reduzem para 10% ou 20% abaixo do limite na crença de obter crédito de velocidade, ou seja, no próximo radar poderá passar 10% ou 20% acima da velocidade que não será multado.
2 – Quais fantasmas estão sendo atropelados nessa via, porque ao meio-dia não vi vivalma (nem mortalma) atravessando os mais de 20 km que percorri! Provavelmente são os vendedores ambulantes que circulam nos corredores oferecendo amendoim, biscoito de polvilho ou roubando seus pertences!
3 – Ficou muito mais fácil teclar ou falar no celular a 50 km/h!
4 – Os motoqueiros continuam rodando na velocidade que bem entendem com o dedo socado na buzina pra irritar até um monge nepalês!
5 – Dá para pilotar a moto e pensar em outras coisas ao mesmo tempo.
6 – Nos horários que as marginais estiverem vazias e fluindo eu não terei coragem de rodar de moto a 50 km/h (nem a 70 km/h) porque me tornarei um alvo móvel super fácil de ser atingido pelo motorista bêbado voltando da balada a milhão.
7 – Rodando nessa velocidade eu consegui até identificar as espécies plantadas nas marginais da marginal.
8 – Deu um tremendo alívio sair da via expressa a 50 km/h e entrar na avenida Juscelino Kubistchek, com suas faixas de pedestres, semáforos, pontos de ônibus, gargalos mas que tem limite de 60 km/h!
9 – Eu li em alguma pesquisa que fiz um tempo atrás que 50 km/h é a velocidade mais difícil de manter, mais até do que 40 km/h, porque não passa ao motorista o feeling real da velocidade. Por exemplo: a 40 km/h o cérebro registra a informação “é devagar”, acima de 60 km/h o cérebro entende que está rápido. Mas a 50 ele se atrapalha todo. Fiz essa experiência e tentei manter 50 km/h sem olhar pro velocímetro. Ficou sempre acima de 59 km/h!!! O único jeito de manter 50 km/h com o trânsito fluindo é fixar o olho no velocímetro... e deixar de ver o pedestre fantasma atravessando a rua!
10 – Eu não sou doido nem estou com a menor paciência de polemizar sobre velocidades nas ruas, porque isso demanda tantas variáveis que me deixaria louco e você voltaria a ver blogs mais interessantes. Mas só por favor, pela enésima milionésima infinitésima vez: PAREM com essa comparação absurda com cidades como Londres, Amsterdã, Estocolmo, Kopenhagen, porque a realidade social é muito diferente. Comparem com La Paz, Bogotá, Caracas, que são cidades que lutam contra os acidentes de trânsito e estão mais próximas da realidade brasileira. Aliás, a Colômbia tem vários bons exemplos nessa área, mas o pessoalzinho dixxcolado só cita Amsterdãããã...
11 – Redução de acidente não se faz com UMA medida, mas um conjunto delas. A primeira é a educação e FORMAÇÃO. Será que só eu no planeta Terra percebeu que na mesma semana que reduziram a velocidade nas marginais o DETRAN-SP descobriu que estavam vendendo carteiras de habilitação falsas??? Percebem o tamanho do problema? De um lado o próprio DETRAN vende a habilitação, de outro a Prefeitura afirma que acidentes são causados pela velocidade. Só eu estou vendo isso? Qual moral tem uma cidade para falar em redução de acidente se nem sequer é capaz de controlar seu próprio órgão emissor de licença? Ah, por favor, ETs, venham logo porque eu não agüento mais!