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5 coisas sobre pneus de motos

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 Pronto: boné Michelin e camiseta Pirelli, assim não ofende ninguém!

Continua a moda da lista de coisas sobre qualquer coisa para estar coisando a coisa direito. 

Os dois temas que mais geram confusão no mundo motociclístico são: frenagem e pneus. A frenagem porque moto - assim como bicicleta - tem sistemas de freios separados para a roda dianteira e traseira e isso dá um nó na cabeça de muita gente. E pneus porque em pleno século XXI ainda tem gente que usa algarismo romano e outros que tratam moto como se fosse um carro de duas rodas! Mas não é!

Um dos grandes absurdos que se espalhou que nem catapora em jardim da infância é essa mania besta de colocar pneus mais largo na traseira só pra ficar mais "bonito". Aprenda: bunda tem que ser maior, porque o homem é da linhagem dos primatas e no nosso código genético está escrito que mulher de bunda grande é boa reprodutora. Tem o componente cafajeste também... Pneu não tem de ser bonito, bunda sim! Pneu tem de ser EFICIENTE!
Mas pneus de motos não são bundas e alguns só são eficientes na medida original, mesmo que seja fino. Pior é ver que alguns designers de fábrica tiveram de entrar nessa onda e projetaram motos com pneus traseiros mais largos só pra atender a massa de gente que deixa de comprar uma moto porque o pneu é fino!!!

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Testar pneus exige muita sensibilidade... 

Antes de começar, outra informação: são poucos os motociclistas que realmente são capazes de identificar as características de um pneu. Até mesmo profissionais do setor tem dificuldade e uma das profissões mais cabeludas é de piloto de teste de pneus, porque o cabra (ou cabrita) precisa ser tão sensível, mas tão sensível que até chora vendo comercial do Boticário.

Só pra ilustrar, uma vez, muuuuitos anos atrás, uma grande marca de pneus de moto contestou a análise de uma importante revista especializada. Para tentar mostrar que o piloto de teste era um salame, propôs um dia inteiro de teste, levando três pares de pneus para serem avaliados. Ao final de cada teste o jornalista fazia uma análise do que tinha achado. Claro que o jornalista em questão era eu.

Saí com o primeiro set de pneus e dei o depoimento, explicando que era assim, assado, cozido e frito. Depois a mesma coisa com o segundo set e finalmente com o terceiro. Os pneus não tinham identificação e foram apresentados como "protótipos". Muito bem, ao final do dia fiquei com uma enorme pulga atrás da orelha, porque dois pares eram muito, mas muito parecidos. Eles respondiam praticamente iguais em tudo. Mas cadê coragem de afirmar isso num teste. Foi aí que lembrei que em nenhum momento da preleção os técnicos afirmaram que os pneus eram diferentes, apenas disseram que eram três pares!

Na hora de preencher o relatório aquela pulga ali, sugando meu sangue, coçando até que resolvi seguir a intuição pneumática e lasquei no relatório: "os conjuntos de pneus 1 e 3 são iguais, diria que são os mesmos".

Bingo! resposta certa! Eram os mesmos pneus, só que todo mundo que passava por esse teste errava. A partir daí essa marca de pneus não nos colocou nunca mais contra a parede e até reconheceu que o produto que avaliamos tinha sim uma durabilidade menor do que o normal. 

Pois bem, aí me pego ouvindo grandes especialistas motociclísticos morungabeiros afirmando peremptoriamente que a marca de pneu X é muito melhor nas curvas do que a Y e que a Z é melhor na chuva do que a W e por aí vai...

Amigo(a) leitor(a), antes de mais nada saiba que na categoria top de pneus para motos de alta performance, TODOS são muito bons, ótimos, excelentes. Não existe pneu ruim nessa categoria. Saiba também que só tem um jeito de saber se um pneu é "melhor" em determinada condição do que outro: testando no mesmo dia, na mesma moto e com as mesmas condições.

OK, eu sei o que você está pensando: "Ahhhh esse cara é um malacabado, porque eu usava o pneu Y na minha moto e depois que troquei pelo pneu X ela ficou muuuuito melhor nas curvas"!!!
Sim, cara pálida, você tirou da sua moto um pneu USADO e colocou um NOVO, qualquer um ficaria melhor, dãããã... 

Vamos às 5 coisas! 

1) Pneus se trocam aos pares! Isso mesmo que você leu. Faça uma conta matemática simples: sua moto rodou 8.000 km e torrou o pneu traseiro. Aí, como um bom pão duro que és, olha pro pneu dianteiro e pensa "ah, dá pra rodar mais um pouquinho". Nada disso, porque os pneus são coisas que andam aos pares. Se o traseiro rodou 8.000 km o dianteiro rodou quanto? Os mesmos 8.000 km, a menos que você seja o rei do wheeling. Se mantiver o pneu dianteiro e trocar só o traseiro, depois de 4.000 km quanto terá o pneu dianteiro. Hummmm vamos lá, continha fácil: 12.000 km. Aí sua moto estará muito bem apoiada na roda motriz com um pneu meia-vida e totalmente desestabilizada na dianteira com um pneu gasto. Imagine isso na chuva! SEMPRE troque os dois ao mesmo tempo, não importa a aparência do dianteiro é seu pescoço que está em jogo, brimo!

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Já tinha reparado nisso? Os sulcos dos pneus dianteiro "casam" com os do pneu traseiro. 

2) Use sempre mesma marca modelo nas duas rodas! Outra das batatadas campeãs nas rodas de anencéfalos motorizados é "pow, mano, coloquei um pneu X na frente e um Y na traseira e a moto ficou mó da hora"... Sandice pura, com direito a entrada direto sem escala no Juqueri, ou Pinel. Seguinte, brou, pneus foram feitos para andar aos pares. No seco nem dá muita confusão, mas no molhado o pneu dianteiro deixa uma marca no asfalto que irá encaixar com o sulco do pneu traseiro. Quando isso não rola acontece o que se chama de "crise de paridade", muito comum nos casamentos, que é quando um fala uma coisa e o outro não entende nada.

3) Na chuva precisa reduzir a calibragem. Nãããooo! Todo pneu tem sulcos, também chamados de encavos. Estes sulcos são como calhas para a água da chuva. Então imagina a calha da sua casa. Digamos que ela tem 4 polegadas de diâmetro e a água da chuva passa por ela numa boa. O que aconteceria se você espremesse essa calha como se fosse um tubo de pasta de dente, reduzindo o diâmetro? Reduziria o volume de água a passar. Então, quando esvazia o pneu esses sulcos se fecham que nem as calhas e a capacidade de escoamento da água é menor, aumentando a chance de uma escorregada no molhado. Quando o engenheiro determinou a calibragem do pneu ele sabia que você não mora no deserto do Kalahari, portanto ele já previu o uso do pneu na chuva!

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Pneus de corrida só em autódromo... não insista que faz BUM! 

4) Pneu usado de corrida é bom pra usar na estrada porque gruda mais! Teu nariz que gruda mais. Aprenda de uma vez por todas: nem tudo que funciona em corrida dá certo na rua! Começando pelos pneus! Já escrevi 3.985.427 vezes, mas ainda tem gente que vai nas corridas e sai de lá feliz e contente com um par de pneus de competição usados, porque pagou baraténho!

Os pneus de corrida podem até ter a mesma aparência e nome do pneu de origem da moto, mas é completamente diferente. Eles precisam ser leves e feitos para durar UMA CORRIDA! Entre outras coisas, eles não precisam ser resistentes a buracos, por isso a banda é bem mais macia e tem menos camadas de fibras internas. Isso significa que eles se deformam mais para dar mais área de borracha nas curvas. Só que essa deformação também é no sentido radial e quando a moto atinge a velocidade máxima o pneu "aumenta" porque cresce no perímetro. Ele suporta essa condição por alguns segundos. OK, eu sei o que você está pensando: "pow, mano, mas nas pistas os caras passam de 340 km/h nas retas!". Sim, cara pálida, eles chegam a essa velocidade por menos de um segundo multiplicado por 28 voltas dá menos de meio minuto.
Aí o salamão compra o pneu usado de corrida e vai pra estrada dar 300km/h por cinco minutos seguidos! Adivinha o que acontece com esse pneu? BLOW!

Tem outros aspectos também como temperatura, níveis de compostos, etc. Em suma: pneu de corrida se usa só na pista, punto e basta!

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 As fibras sintéticas por dentro do pneu são coladas por sobreposição por isso precisa respeitar o sentido de rotação. Ih, até rimou! 

5) O pneu gastou mais de um lado, vou virar! Primeiro saiba que é normal o pneu gastar de forma irregular, principalmente o dianteiro. e não precisa mandar a moto pra alinhar, porque o motivo está no chão, ou melhor, no asfalto. As ruas tem uma pequena inclinação para permitir o escoamento da água da chuva. Como a moto se apóia em apenas dois pontos é normal o pneu gastar mais de um lado.

Mas se você for do tipo track-boy, que não pode passar mais de uma semana sem rodar num autódromo, o pneu também pode gastar mais de um lado. Porque normalmente a pista tem um sentido de rotação. Se for no sentido horário, com a primeira curva para a direita, vai gastar mais o lado direito. Se for no sentido anti-horário, com a primeira curva para a esquerda, vai gastar mais do lado esquerdo.

Nem pense em virar o sentido do pneu para "equilibrar" o desgaste! Lembre que as fibras dos pneus são coladas sobrepostas. Quando o pneu roda no sentido correto essas fibras ficam mais grudadas. Mas se inverter o sentido de rotação essas fibras podem descolar e deformar a banda de rodagem. Mesmo nas motos pequenas os pneus tem sentido de rotação. Portanto observe a seta na lateral do pneu e respeite o sentido de rotação.

 

Se eu lembrar de mais alguma coisa vou aumentando a lista!

 


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