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Não Vale! Como foi o GP da Catalunha

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Que pena, Valentino, essa corrida era tua! (Fotos: MotoGP.com)

Por pouco não vimos o 200º pódio de Valentino Rossi

Vou começar pelo fim. Quando Alex Rins estava dando a entrevista após terminar em terceiro lugar no GP da Catalunha, na MotoGP, a transmissão da FoxSports foi interrompida. O que houve? Foi tudo culpa da DORNA! Porque mesmo ciente do calendário da Fórmula 1 desde março, a organizadora da MotoGP manteve a programação da MotoGP. Quer dizer, manteve até a última sexta-feira, 25, quando enviou um comunicado afirmando a mudança na programação de todo o evento, que começaria uma hora mais tarde, para não bater de frente com a audiência da F-1. Com isso a grade invadiu o horário dos outros esportes da emissora e o sinal precisou ser desligado pontualmente às 10:50, Portanto, não canalize a raiva na FoxSports, mas sim na DORNA.

Dito isso vamos às corridas!

Moto3, primeira de Binder

A categoria mais disputada e equilibrada do mundial de motovelocidade viu mais uma vez o italiano Tony Arbolino (Honda) fazer a pole-position, o que não significa quase nada em se tratando da categoria que tem mais ultrapassagens por volta. Darryn Binder (KTM) fez apenas o nono tempo. Entre eles havia todo um batalhão de pilotos com chances reais de vitória, a começar pelo argentino Gabriel Rodrigo (Honda), um estranho caso de piloto muito rápido, competente, brigador, mas que da metade para o fim da corrida misteriosamente perde várias posições.

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Binder, pela preimeira vez!

A corrida foi daquelas que acabar com qualquer narrador. Tantas trocas de posições que o gerador de caracteres da classificação muda a cada curva. O Espanhol Albert Arenas (KTM) vinha de uma queda na segunda prova de Rimini e viu sua primeira posição no campeonato cair para apenas dois pontos. Precisava chegar na frente e torcer para o japonês Ai Ogura (Honda) chegar bem atrás. Suas preces estavam dando certo, porque depois da largada Arenas se mandou lá na frente, enquanto Ogura escalava o pelotão da 24a posição para 15º marcando apenas um pontinho.

Mas em corrida existe aquela máxima: tudo dá certo enquanto não dá errado. Numa tentativa desesperada de ultrapassagem, John McPhee (Honda) perdeu a frente da moto e arremessou Arenas para a caixa de brita. Fim de prova para os dois e três corridas sem marcar pontos para o espanhol.

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Depois deste anti-climax Darryn Binder se colocou entre os três, de forma muito consistente, brigando com Jaume Masia (Honda), Arbolino, Rodrigo, Vietti e cia ltda. Na última das 21 voltas não dava pra apostar em ninguém. Tudo indicava que Arbolino iria vencer, mas na Curva 5 alargou demais a trajetória, Binder aproveitou, passou e ganhou! Foi a primeira vitória do sul-africano, irmão mais novo do Brad Binder (que corre na MotoGP).

Moto2, slider Lowes

O inglês Sam Lowes (Kalex) estava devendo uma performance convincente depois de muitas quedas. Talento e competência ele tem de sobra, mas mostrou afobação em três etapas seguidas, se distanciando na tabela e perdendo credibilidade entre o público. Mas no GP da Calalunha tudo ficou no passado. Ele foi simplesmente o piloto mais rápido na pista do começo ao fim, ultrapassou o líder Luca Marini (Kalex). Marini, que não é bobo e está mais de olho no título do que na corrida, nem ofereceu resistência. Deixou Lowes passar e ficou mantendo uma distância segura.

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Sam Lowes foi rápido, mas exagerou dos pneus.

Quando tudo parecia caminhar para uma vitória do inglês, eu chamei a atenção durante a transmissão na FoxSports para o estilo “sujo” de pilotagem de Lowes. Ele derrapa demais e isso superaquece os pneus. Não corre risco de consumir antes do final porque esses pneus da Moto2 são bem duros e aguentam a prova, mas quando superaquece o pneu derrapa mais ainda. Resultado: um erro na Curva 5 (sempre ela) fez ele perder o primeiro lugar faltando duas voltas para o fim!

Quem fez um corridão foi o italiano Fabio Di Giannantonio (Speed Up) que conseguiu o primeiro pódio ao completar em terceiro lugar. Marini se distanciou ainda mais na liderança do mundial, colocando 20 pontos de vantagem sobre Enea Bastianini (Kalex) que se enroscou no segundo pelotão e terminou em sexto atrás do veloz, mas irregular, Joe Roberts (Kalex).

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Luca Marini pilotou como gente grande! 

MotoGP, a terceira do Quarta

O francês Fabio Quartararo (Yamaha) estava vivendo uma fase difícil: depois de duas vitórias nas duas primeiras etapas ele enfrentou muitos problemas com a Yamaha da equipe privada Petronas. Alguns críticos – que não entende de corrida, claro – davam ele como uma espécie de “cavalo paraguaio”, gíria usada no futebol para descrever uma equipe que começa bem e depois vai decepcionando. Mas ao analisar os pilotos da Yamaha oficial dava para perceber que o problema era mais estrutural do que humano.

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De fato, porque depois da segunda corrida da Áustria as Yamaha começaram a reagir com duas vitórias seguidas (Viñales e Morbidelli). Neste GP da Catalunha deram um baile nos treinos fazendo a primeira fila inteira com Morbidelli (primeira pole da carreira), Quartararo e um inspiradíssimo Valentino Rossi. O mundo parou para assistir os últimos minutos de treino no sábado. E mais uma vez as Yamaha* era as motos menos velozes na reta, perdendo 20 km/h em relação às Ducati. Isso mostra que o que falta de velocidade na reta, sobra de eficiência nas curvas.

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Morbidelli puxando a fila com Rossi e Quartararo

Na corrida as três Yamaha dispararam na frente com o velocíssimo Jack Miller (Ducati) colado atrás. Quartararo tinha mais ritmo e logo roubou a primeira posição do italiano Franco Morbidelli. Algumas voltas depois foi a vez de Valentino passar Mordibo e prever finalmente a conquista do 200º pódio na carreira. E mais: pelo ritmo que Rossi estava mantendo era previsível que ele pudesse até mesmo vencer. Mas... quis o destino que ele fosse a terra na 15a das 24 voltas. Uma queda estranha porque a moto saiu de frente na saída da curva, quando o piloto já está acelerando. Foi o maior balde de água fria do campeonato até o momento.

Valentino estava correndo mais tranquilo depois de ser confirmado como companheiro de equipe de Franco Morbidelli, na equipe Yamaha/Petronas em 2021. Por isso estava ainda mais alegre e de olho numa vitória histórica. Pena que foi pro chão.

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A partir daí o destaque foi impressionante evolução das suas Suzuki, com Joan Mir e Alex Rins. As Suzuki tem um problema de estabilidade quando está com tanque cheio. Além disso não conseguem ser tão rápidas com pneus de classificação. Por isso largam mais atrás e durante a corrida crescem exponencialmente. Joan Mir engoliu Morbidelli e se estabeleceu em segundo. Depois foi a vez de Rins aparecer lá de trás para também ultrapassar Morbido e fechar o primeiro pódio de 2020. Festa na Suzuki como se tivessem vencido o mundial!

O destaque infeliz foi a presepada causada por Danilo Petrucci (Ducati) logo após a largada. Ele escorregou no meio de uma sequência de S, desacelerou e Joan Zarco (Ducati) precisou desacelerar, perdeu aderência, caiu e levou Andrea Dovizioso (Ducati) junto. Em suma, em menos de 500 metros de corrida duas Ducati já estavam fora da prova. Petrucci recuperou o equilíbrio, continuou e terminou em oitavo.

Agora Quartararo tirou um peso enorme dos ombros. Depois da prova ele disse que estava ainda mais feliz do que ao vencer pela primeira vez. Abriu apenas oito pontos sobre o constante Joan Mir e o campeonato continua muito equilibrado, sem a menor previsão de favoritos. Próxima etapa: dia 11/10 em Le Mans, França.

Bastidores

Continuamos sofrendo todo tipo de enrosco técnico na transmissão feita por internet, com cada um na sua casa, separados por uma conexão rápida. Dessa vez os paus começaram com o narrador Hamilton Rodrigues, que na metade da prova da Moto3 ficou com um delay enorme, de quase cinco segundos. Para corrigir isso é precisa fazer o refresh (F5) na página, mas como já expliquei isso leva até 25 segundos. Quando percebemos a Moto3 tinha entrado nas voltas finais e um refresh naquele momento poderia ser pior. Por isso quem viu pela TV percebeu que o Binder cruzou a linha de chegada, mas só depois o narrador soltou a garganta anunciando o vencedor. E teve mais!

Na hora das entrevistas pós corrida eu já me acostumei com inglês dos italianos, espanhóis e franceses, mas quando chegou a vez do sul-africano Darryn Binder, além do inglês bem unusual, ele fala com a boca fechada, muito e rápido, o que foi um sufoco pra traduzir (muito respeito aos tradutores simultâneos). Consegui pescar algumas palavras, tipo 2012, 16 anos, pais, primeira vez etc e tive de criar em cima. Pelo menos não falei que ele foi pai pela primeira vez aos 16 anos em 2012.

Depois veio a presepada da Dorna, com a mudança na programação. Passei o domingo explicando pra um monte de gente que foi culpa da DORNA e só dela. O campeonato espanhol de futebol já estava marcado muito antes. Tínhamos de entregar o sinal pro pessoal do futebol às 10:45, não importando se o jogo só fosse começar às 11:05, porque tem os comentários pré jogo, propagandas etc. Se a prova tivesse sido realizada no horário previsto teríamos encerrado às 10:05 como sempre e veríamos entrevistas, pódios, champanhe, comentários etc. Mas, mais uma vez, não foi responsabilidade da FoxSports, mas da covardia da DORNA!

Agora imagina o nosso desespero até a 15a volta, com chances reais de Valentino alcançar o 200º pódio ou, pior, de vencer a corrida!!! Se isso acontecesse eu pegaria o primeiro ônibus espacial para Marte. Quando ele caiu foi um UFA! geral. Mas ainda tinha o Morbidelli, com a bandeira do Brasil no capacete! Graças ao Rins também nos livramos dessa.

Sobre o Morbidelli quero fazer uma observação semântica: ele NÃO é ítalo-brasileiro, parem com isso. Essa denominação se dá a quem tem DUPLA CIDADANIA. Nasceu na Itália, mas tem cidadania brasileira. No caso de uma pessoa que tem pai italiano e mãe brasileira, nascido em ROMA, o cara é ITALIANO!!! Punto e basta. Senão eu seria luso-italiano, minhas filhas seriam brasília-alemãs e outras sandices. Isso é puro pachequismo da emissora anterior que viu a necessidade de enfiar uma bandeira brasileira goela abaixo. Agora, se ele tiver passaporte da Comunidade Europeia e do Mercosul, aí sim...

Melhores momentos da MotoGP clique AQUI.


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