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VerXátil: como é a Honda CB 500X

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Confortável e econômica na estrada (foto: Divulgação)

A roda de 19 polegadas deixou a CB 500X uma verdadeira uso misto

(Texto: Tite Simões. Fotos: divulgação * veja galeria de fotos lá depois da ficha técnica)

Uma moto pode ser confortável na estrada, econômica na cidade ou eficiente no fora de estrada. Ou pode ser tudo isso ao mesmo tempo. Assim é a Honda CB 500X, que a partir de 2020 ficou ainda mais versátil com a roda dianteira de 19 polegadas. É como ter três motos pelo preço de uma.

Tudo bem que um bom desempenho no fora de estrada depende 100% da capacidade do piloto, mas a moto ajuda bastante. E um dos itens que mais contribui para a moto ser eficiente no uso severo fora de estrada são as rodas, principalmente a roda dianteira. Por isso uma das principais novidades na Honda CB 500X 2020 foi a adoção da roda dianteira de 19 polegadas no lugar da roda 17”.

Uma das grandes sacadas da Honda foi usar a mesma base para fazer duas motos bem diferentes: a CB 500F e a CB 500X. Elas usam o mesmo quadro e motor, mas mudam as rodas, guidão e o propósito, claro. Na 500F o usuário terá uma moto muito boa na cidade, confortável na estrada, mas que sofre nas vias esburacadas e no piso de terra. Já a 500X se desenvolve muito bem na cidade, confortável na estrada e segura a onda bravamente na terra. É a moto 3 em 1!

Tive a chance de usar na cidade, na estrada, no autódromo e na estrada de terra e a melhor palavra para descrever esse modelo é: versátil com x!

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Um dos pontos altos é a ergonomia. Para minha dimensões (1,68m) a 500X vestiu sob medida. O banco tem dois níveis, com o assento do piloto mais baixo (834mm), as pedaleiras recuadas e guidão largo (de secção variável, sem cross-bar). Em relação à versão anterior o guidão ficou mais alto e aumentou também o ângulo de esterço (que ainda não é ideal). Como descrevi, parece ser feita sob medida para quem tem por volta de 1,70m. A cereja do bolo é o para-brisa que é maior em relação à primeira geração, mas ainda não desvia totalmente o vento da cabeça. Para se proteger basta inclinar o tronco e abaixar a cabeça, numa postura pouco natural. Uma boa dica é instalar um a bolha maior.

Com essas mudanças a CB 500X se distanciou mais da CB 500F. Agora não pode mais ser chamada de 500F com guidão alto!

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O guidão tem perfil cônico e está mais alto: conforto

Roda viva

A importância da roda numa moto é fácil de entender na medida que é um veículo que só se equilibra graças ao movimento delas. O efeito giroscópico está presente em todo corpo circular em movimento. Quanto maior o perímetro, a velocidade ou a massa do corpo maior será o efeito. Por outro lado, rodas grandes gostam de manter a trajetória, enquanto as rodas menores são mais fáceis de inclinar. Mas o maior benefício da roda maior é reduzir o momento nos impactos contra buraco, pedra ou lombada. Quanto maior a roda, menor a transferência de impacto produzido por obstáculos.

Em suma, quando a CB 500X tinha a roda dianteira de 17 polegadas a maneabilidade (handling) era melhor, mas sofria mais nos buracos e nas estradas de terra. Agora melhorou muito para rodar em uma cidade como São Paulo e suas crateras, mas tem mais resistência para “dobrar” na hora do desvio. Devo admitir: se a moto não for usada em ruas de excelente pavimento a roda de 19 polegadas é muito melhor.

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Toda diferença na roda dianteira de 19 polegadas

Mas a teoria na prática é outra coisa. Tive a chance de pilotar a CB 500X no autódromo ECPA, em Piracicaba para ministrar um curso de pilotagem. Além de desenvolver bem na cidade e nos 135 km de estrada lisinha foi uma boa surpresa ver que também permite curvas tranquilas no limite das pedaleiras. O teste definitivo foi no exercício de contra-esterço, quando pude conferir que a tal maneabilidade não ficou comprometida com a roda de maior diâmetro. A roda traseira continuou de 17 polegadas.

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Exercício de contra-esterço com a CB 500X: boa maneabilidade mesmo com roda grande. (Foto: Sampa Fotos)

Hoje em dia a preocupação das fábricas é oferecer uma moto desfrutável sob várias condições e também que “converse” com o piloto. Esta conversa é feita pelo painel, totalmente digital, que conta com indicador de marcha (item cada vez mais pedido entre os usuários), computador de consumo médio e instantâneo, conta-giros (pequeno pra quem tem mais de 60 anos) e uma shift-light. Trata-se de uma luz que vem programada para acender quando o motor atinge 8.500 RPM, rotação da potência máxima (50,4 CV), mas o usuário pode customizar esse regime de rotação entre 5.000 e 8.750 RPM dependendo do que quiser alcançar: mais economia ou desempenho.

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Capacete usado neste teste: MT KRE

Neste teste eu programei para acender a 5.900 RPM que corresponde a 120 km/h em sexta marcha para não exceder os limites de velocidade da estrada. É uma boa forma de evitar multas! Nesta velocidade a vibração do motor ainda é bem contida, mas acima de 6.500 RPM já se percebe vibrações nas manoplas e pedaleiras. Num motor de dois cilindros é difícil reduzir as vibrações sem comprometer o desempenho. Nesta CB 500X a Honda optou por defasar os cilindros em 180º, assim o movimento de um pistão compensa o do outro (além, claro, de um eixo contra-rotor). Dá certo, mas o funcionamento do motor fica mais “áspero”, como se tivesse falhando. Isso persegue os motores de dois cilindros em linha há décadas. Como o escapamento é enorme e reduz muito o ruído – e emissões – esse efeito indesejável é menos percebido.

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O painel digital é completo, com shift-light

Não gosto muito do funcionamento dos motores 500/650cc de dois cilindros em geral. Essa sensação de que está sempre falhando tira um pouco do prazer de pilotar, mas é isso ou aguentar uma vibração monstruosa! A solução adotada pela BMW nos motores bicilíndricos de 800cc, por exemplo, com uma terceira biela que gira no sentido inverso, tem um efeito mais agradável, mas envolve custos e complexidade no processo industrial. Por isso BMW são caras...

Pão dureza

Um dos pontos altos deste motor é a incrível retomada de rotação em última marcha. Para esta segunda geração a linha CB 500 teve pequenas alterações no motor para melhorar a distribuição de potência. Já a partir de 3.000 RPM o piloto sente boa dose de potência o que representa um alívio na cidade, sem exigir tantas trocas de marcha.

Além de suavizar as curvas de torque (4,55 Kgf.m a 6.500 RPM) e potência, essas alterações deixaram o motor ainda mais econômico. Na minha tocada de pão duro severo, o computador de bordo revelou médias de até 25 km/litro, algo que tempos atrás só seria aceito em motos com a metade da capacidade volumétrica. Mas se torcer o cabo esse consumo cai para menos de 18 km/litro. Para ser sincero, consumo de 20 a 22 km/litro em uma moto de 500cc é mais do que satisfatório. Com um tanque de 17,7 litros dá até pra esquecer de abastecer.

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De acordo com o press-release da Honda: O motor bicilíndrico paralelo arrefecido a líquido da família Honda 500 conta com dois comandos de válvula no cabeçote (DOHC) que atuam por meio de balanceiros roletados nas quatro válvulas de cada cilindro. O acionamento dos comandos se dá por corrente com tratamento da superfície em Vanádio, que garante grande durabilidade. Um preciso trabalho de aperfeiçoamento foi realizado neste motor para incrementar torque e potência em regimes entre 3.000 e 7.000 rpm. O melhoramento de 4% foi conseguido graças à antecipação em 5º do fechamento das válvulas e a ampliação do levantamento em 0,3 mm (agora 7,8 mm).

A melhoria na entrega de potência e torque também se beneficiou do trabalho realizado nos dutos de aspiração, que tiveram sua eficiência aumentada pelo reposicionamento da bateria, o que permitiu criar espaço para um percurso mais retilíneo dos dutos da caixa do filtro de ar até as borboletas do sistema de injeção PGM-FI”.

Só pra complementar a viagem na estrada de asfalto, o banco com espuma de densidade bem macia permite viajar por horas seguidas. O conjunto de suspensão é o mais simples possível, com garfo telescópico na dianteira e monoamortecimento regulável na pré carga da mola na traseira. Por questões de segurança não fazemos mais testes de velocidade máxima em estrada, mas pode chegar a 180 km/h sem dificuldade.

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Na terra ela se saiu muito bem e pode ser pilotada em pé

Depois de rodar na cidade, estrada e autódromo foi a vez de enfrentar uma estrada de terra. Como fui criado num ambiente fora-de-estrada essa é pra mim a parte mais divertida de qualquer teste. Volto a repetir um mantra que escrevo há mais de 30 anos: o item mais importante no fora de estrada é a habilidade do piloto. A moto ajuda se tiver suspensões de curso longo, pneus com sulcos mais espaçados e permita pilotar em pé. Tudo isso a CB 500X tem com folga. Os pneus Dunlop 110/80-19 na frente e 160/60-17 atrás. 

O passeio na estrada de terra foi totalmente tranquilo. Pode-se pilotar em pé e só precisa ficar esperto porque o ABS não pode ser desligado e portanto esqueça qualquer possibilidade de derrapar com a roda traseira. Claro que a estrada estava seca, porque um off-road com lama muda tudo. Aí só mesmo com muita paciência.

Resumindo, a Honda CB 500X tem a proposta de ser uma moto versátil, que agrada bem em todos os terrenos. Sua principal concorrente é a Kawasaki Versys 650 (R$ 37.990) com motor mais forte (69 CV a 8.000 RPM), mas ainda traz a roda dianteira de 17”. O preço da CB 500X (em SP) era de R$ 31.260, com três anos de garantia.

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A CB 500X foi minha ajudante no curso de Pilotagem em Piracicaba. (Foto: Sampa Fotos)

Por que comprar? extremamente versátil, econômica, garantia de 3 anos e enorme rede de assistência técnica.

Por que não comprar? Alta probabilidade de sumiço involuntário, preço do seguro e funcionamento “áspero” do motor.

FICHA TÉCNICA

Motor

Tipo – quatro tempos, dois cilindros, DOHC, 8 válvulas, arrefecimento a líquido.

Cilindrada – 471 cc

Diâmetro x curso – 67,0 x 66,8mm

Potência – 50,4 CV a 8.500 RPM

Torque – 4,55 Kgf.m a 6.500 RPM

Taxa de Compressão – 10,7:1

Alimentação – injeção eletrônica PGM-FI

Câmbio – seis marchas; embreagem acionamento por cabo

Transmissão – coroa, corrente (com O-rings) e pinhão

Quadro – tubular de aço, Diamond

Suspensão dianteira – garfo telescópico, 150mm

Suspensão traseira – monoamortecedor regulável, 135mm

Distância entre eixos – 1.443 mm

Freio dianteiro – disco/ 310mm

Freio traseiro – disco/ 240mm

Pneu dianteiro – 110/80-19

Pneu traseiro – 160/60-17

Comprimento total mm – 2.156

Largura total mm - 828

Altura do assento mm – 834

Peso seco – 183 kg

Tanque – 17,7 litros

Consumo de combustível – 18,5 km/litro (média geral)

Velocidade máxima (estimada) – 180 km/h

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