Dafra Citycom 300i: uma das melhores motos/scooters que tive na vida.
Fotos: Divulgação
Se existisse uma eleição do scooter mais querido pelos proprietários certamente a Dafra Citycom 300i ganhava disparado. Desde seu lançamento em 2010 nunca vi um proprietário se queixando dela. Só elogios! E eu engrosso esse coro de felizes proprietários porque tive uma por dois anos.
Quando foi lançada, em setembro de 2010, tive a oportunidade de avaliar durante um evento. Já naquele primeiro contato chamou atenção pelo conforto, estabilidade e uma de suas maiores qualidades: custo x benefício.
A primeira versão já tinha freios a disco nas duas rodas, com revestimento de aço (aeroquip) que chamou atenção porque o freio traseiro travava muito fácil. Tudo porque usaram o mesmo disco e pinça nas duas rodas, quando o ideal em motos e scooters é usar um freio traseiro menos potente.
Graças às rodas de 16 polegadas é muito bom de curvas
Mas isso foi corrigido na segunda geração, lançada em 2014, quando recebeu freios CBS (combinado) e melhorias no motor que elevaram a potência para 27,8 CV a 7.750 RPM, que deixou ainda melhor para uso na estrada, sem comprometer os ótimos níveis de consumo.
Conforto além da conta
É difícil destacar apenas um ponto alto desse scooter, mas pode-se dizer sem exagero que é um dos produtos mais confortáveis do mercado. Além de grande, o banco em dois níveis tem espuma de boa densidade, que permite pilotar por horas seguidas. Justamente por isso é indicado para viagens, sem limites. Existem relatos de aventureiros que cruzaram a América do Sul montados em Citycom. Eu mesmo fui várias vezes para Campos do Jordão (200 km de SP) e Ubatuba (240), além de vários bate-voltas pelo interior.
O banco largo e em dois níveis permite levar garupa com conforto
Outra razão dessa vocação estradeira é o para-brisa alto que desvia o vento por cima da cabeça do piloto. Pode-se manter velocidade de 110 a 120 km/h por muito tempo se causar cansaço. Contribui para o conforto o baixo nível de vibração desse motor de um cilindro. Em marcha lenta percebe-se a vibração, mas basta colocar em movimento para o motor apresentar um funcionamento mais suave.
Na minha Citycom eu fiz um prolongamento do para-brisa usando uma viseira de capacete. Porque para minha altura (1,68m) o vento desviado acertava em cheio a minha testa! Com um sistema de borboletas eu podia colocar e retirar facilmente esse difusor. Na cidade eu andava sem e colocava só pra viajar.
Por ser um produto pensado em atrair donos de automóveis, uma de suas facilidades é uma tomada 12V dentro de um pequeno porta-luvas. Serve para carregar celular ou GPS.
A tomada 12V permite carregar celular ou GPS
Liquidez
Um dos elementos que mais contribui para o sucesso da Citycom são as rodas de 16 polegadas. Elas se aproximam do padrão das motos (entre 17 e 18”) e isso a deixa mais parecida com uma moto automática do que com os scooters pequenos. Tive a chance de enfrentar estradas cheias de curvas e para o meu estilo radical da terceira idade ela tem estabilidade de sobra. Inclina até o limite do cavalete pegar no chão para a esquerda ou o escapamento em curva para direita. Falando em escapamento é o único item que destoa do estilo. Parece mesmo que foi adaptado para a legislaão brasileira, porque além de muito desproporcional, fica muito exposto, superando até mesmo o limte do guidão. Difícil achar um Citycom que não esteja com o protetor do escape todo raspado.
Nas últimas versões ela vem com painel completo, inclusive com um aviso de manutenção da correia de transmissão. O fabricante recomenda a troca a cada 15.000 km. Também chama a atenção pelo consumo generoso. Sem grandes esforços pode-se fazer médias acima de 25 km/litro. Na minha tocada de tiozinho fiz várias vezes mais de 30 km/litro.
Por minha influência vários amigos compraram o Citycom. Alguns já estão no segundo ou terceiro. Outro já virou mais de 100.000 km e os relatos são sempre os mesmos: basta trocar óleo, pneus, pastilhas e correia que não tem aborrecimento. Um efeito colateral de quem compra Citycom é ver a bateria dos carros descarregarem por falta de uso. Eu mesmo preferia até sair de Citycom na chuva a ter de pegar trânsito de carro. Tornou-se o segundo veículo de muitas famílias aqui do meu bairro. Inclusive as esposas adotaram - e algumas nunca mais devolveram!
O painel é completo, com indicador de revisão)
Por ser um produto simples, bem acabado e econômico, a procura é muito grande. Uma das vantagens de comprar um scooter usado é que a maioria deles foi pouco rodada. Normalmente as pessoas usam scooters para percursos pequenos. Só realmente o visual já está bem cansado depois de quase 10 anos de mercado. Porém continua atual, com linhas retas. Uma nova versão de Citycom já chegou ao mercado, o Citycom HD 300. Mas, sinceramente, prefiro o 300i CBS.
Suas qualidades e a boa reputação o colocam também com um dos scooters com maior liquidez no mercado. Posso testemunhar porque anunciei o meu Citycom às 9:00 da manhã e já estava vendido ao meio dia! Os valores variam de R$ 8.000 (2010) até R$ 18.500 (2019). A versão atual, zero km está cotada em R$ 20.590. Infelizmente são apenas duas opções de cores: preto e branco (que original), mas uma das primeiras coisas que um usuário de Citycom deve fazer é plotar com cores mais alegres. Já vi laranjas, azuis, vermelhos etc.
A cor azul saiu apenas na primeira geração do Citycom
O que deve observar na compra de um Citycom usado?
Primeiramente o aspecto geral, se os plásticos estão brilhantes, se o banco não apresenta fissuras e não há vestígios de queda. O item de manutenção mais comum é a correia de transmissão. É preciso levantar quando foi a última troca. Normalmente ela deve ser trocada a cada 15.000 km, mas isso é um exagero de prevenção da fabricante. Pode tranquilamente aumentar esse prazo para 20.000 km. Além da correia, os roletes também precisam de trocas, mas em períodos que passam de 35.000 km.
É um produto muito confiável, de manutenção simples, sem dor de cabeça se forem feitas as manutenções recomendadas.