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Bike Fest Tiradentes, a festa das mots

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Neste ano as motos big trail dominaram as ruas (Foto: Tite)

 

A 31a edição do Bike Fest de Tiradentes foi um grandioso sucesso

Quando morreu, acusado de conspiração, Joaquim José da Silva Xavier, se tornou o imortal Tiradentes. E deu o nome para a pacata cidade mineira de cerca de 11.000 habitantes, mas que durante cinco noites se transforma no maior encontro de motociclistas do Brasil.

Foi a 31a edição do Bike Fest Tiradentes, evento que começou como um encontro de amigos em 1992 e hoje reuniu mais de 36.000 pessoas nos cinco dias de evento, de 21 a 25 de junho. O segredo deste sucesso todo se deve a um misto de localização privilegiada, com uma organização pensada em agradar todas as tribos.

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Foram 36.000 pessoas em cinco dias de evento. (Foto: Lilian Cardoso)

A localização é estratégica, ficando entre três das maiores capitais do Brasil: a 480 km de São Paulo, 330 km do Rio de Janeiro e 200 km de Belo Horizonte. Mas a cidade recebe motociclista de 23 Estados do Brasil. São 20.000 motos passando pela região!

Minha primeira vez no Bike Fest foi em 2006, justamente o ano da virada, quando deixou de ser uma reunião entre amigos e se tornou um evento com expositores, bandas de música – notadamente rock – e uma feirinha de artesanato. Nesta ocasião gravei uma parte do documentário Alma Selvagem, já esgotado!

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O moderno e o antigo se encontram em Tiradentes. (Foto: Tite)

O que mais chamou atenção foi uma mudança no público e na “cara” do evento. O que antes era praticamente um desfile de Harley-Davidson, com as mais diferentes e inusitadas customizações, hoje os modelos que mais se veem nas ruas calçadas com pedras do século 18 são big trail. BMW GS, Triumph Tiger e Honda Africa Twin são as que mais aparecem na estatística.

Esta mudança de perfil se deve não só à natural mudança de proposta do evento, mas também teve ajuda do tipo do tipo de pavimento das ruas da cidade histórica. Feitas com granito e arenito, colocadas por escravos, a pilotagem se torna difícil e arriscada, por isso as motos passam mais tempo paradas do que circulando! Mesmo assim o desfile de motos agrada tanto quem curte motos, quanto os moradores locais, que agradecem aos visitantes pelos cerca de 58 milhões de Reais deixados no comércio da cidade.

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Ah, a comida mineira no fogão a lenha. (Foto: Tite)

Conhecida pela gastronomia (Tiradentes recebe o Festival de Cultura & Gastronomia no final de agosto), os restaurantes e hotéis comemoraram a “casa cheia”. A ocupação da grande rede hoteleira de Tiradentes e região chegou a 100%.

Um dos destaques do evento é o mini salão de moto organizado em um amplo espaço logo na entrada do centro histórico. Neste ano estiveram presentes BMW, Ducati, Honda, Royal Enfield, Kawasaki, Harley-Davidson, KTM e Triumph. Foram comercializadas 118 motos nos cinco dias de evento.

Neste mesmo salão se apresentaram bandas de música, mas não só rock, mas também jazz e blues da melhor qualidade. Mais um sinal que o público mudou mesmo.

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A famosa casa torta de Bicnhinho. (Foto: Lilian Cardoso)

Como tradicionalmente o evento coincide com o Festival Interlagos, algumas pessoas apostam na divisão de interesse. Mas neste ano tive a chance de estar nos dois eventos e posso afirmar que são públicos diferentes. O visitante do Festival Interlagos (antes Duas Rodas) é interessado em moto, o veículo, as novidades do setor. O visitante do Bike Fest é interessado naquilo que a moto oferece, como a sensação de pertencimento a uma tribo. A moto está presente em ambos, mas a abordagem é diferente. Aliás, a julgar pela quantidade de pessoas espremidas no salão de exposição, sinto informar aos céticos que os dias de Salão só estão contados em São Paulo, porque nas demais cidades o público comparece sim e agradece.

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Pilotar sobre pedras é um dos desafios do encontro. (Foto: Tite)

A companheira de viagem

Para a cobertura desse evento, viajei com uma Triumph Tiger 900 GT Pro gentilmente cedida pela Triumph. Trata-se de uma big trail, mas com aro dianteiro de 19 polegadas e pneus de caráter mais esportivo.

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Ótima companhia de viagem, a Tiger 900 GT Pro tem conforto de sobra para duas pessoas. (Foto: Lilian Cardoso)

Minha última referência de Tiger ainda era a do motor 800, por isso a primeira coisa que me chamou muita atenção foi a eletrônica embarcada. Pode-se fazer absolutamente tudo pelo painel: modo de pilotagem, regulagem de altura, calibragem das suspensões, atuação do freio ABS e mais um monte de coisa. O piloto pode escolher qual melhor tela do painel, além de exibir várias informações que vão desde distância percorrida, média de consumo, velocidade média etc.

Confesso que deixei no modo “estrada” e fui à luta, porque tenho pouca paciência com manuais... Mas adorei saber que tinha aquecedor de manopla e de banco porque a previsão (confirmada) era de frio!

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O orgulho de ser mineiro nas paredes clássicas do século XVIII. (Foto: Tite)

Logo ao me posicionar percebi que as pedaleiras do piloto ficaram bem menos recuadas como nas 800cc. Agora as pernas não ficam mais tão dobradas, reduzindo o efeito “garrote” da circulação, o que provoca câimbras.

Viajei acompanhado de uma amiga na garupa. E em função de dois acidentes na rodovia Fernão Dias, a viagem demorou mais de oito horas, para uma distância de 560 km. Mas quer saber? Nem percebemos porque esta Tiger é tão confortável que se tivesse mais 200 km não faria a menor diferença.

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Consumo médio de 19 km/litro para um motor de três cilindros e 95 CV. (Foto: Tite)

Uma dica para quem for a Tiradentes é conhecer o vilarejo vizinho chamado Bichinho, terra de artesãos de primeira qualidade. Só pra ficar no mais tradicional, a Oficina de Agosto, é um grande fornecedor para as lojas de SP, Rio e BH. Só que a estrada de apenas 5 km de Tiradentes a Bichinho é de pedra! Sim aquelas centenárias e desalinhadas.

Neste trecho pude comprovar a eficiência das suspensões. Elas absorvem as irregularidades como se nem percebesse. Mesmo com duas pessoas, a Tiger supera os desafios do off-road com galhardia. O aro dianteiro de 19” e os pneus de uso mais “on” não prejudicam a eficiência no fora-de-estrada. Claro que se a ideia for pegar mais terra do que asfalto, existe a versão Tiger 900 Rally Pro, com aro dianteiro de 21” e rodas raiadas (com pneus sem câmara). Mas sempre defendi a teoria de que no fora de estrada o piloto conta muito mais do que a moto!

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Valeu, seu Joaquim, obrigado pela coragem. (Foto: Tite)

Outra boa surpresa foi o baixo consumo. Rodando sem a menor preocupação com o consumo, esta Tiger fez média geral de 18,9 km/litro, o que é ótimo para um motor de três cilindros e 95 CV. Na estrada a retomada de velocidade impressiona e ajudou muito nas ultrapassagens. E outro destaque é o câmbio com quick-shift que dispensa o uso da embreagem nas trocas de marcha, tanto na redução, quanto na passagem das marchas.

Muita gente associa o quick-shift às competições, mas a vantagem deste sistema é manter as mãos totalmente firmes nas manoplas quando o motor passa de 9.000 RPM. Falando nisso é um motor que gira baixo, com a potência máxima a 8.750 RPM e a 120 km/h em sexta marcha o conta-giros indica pouco mais de 4.000 RPM.

Só pra esclarecer sobre o quick-shift. Muita gente acredita que ele serve para reduzir o tempo da troca de marcha, mas isso só vale nas motos de competição. Nas big trail o objetivo é manter os cinco dedos na manopla quando o torque entra em ação. Pra acionar a embreagem é preciso aliviar a mão esquerda da manopla e num terreno acidentado a mão pode escapar. Com este sistema basta acionar a alavanca pra cima ou pra baixo que a troca é feita.

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Uma moto para viajar pelo mundo sem descanso. Na cor vermelha. (Divulgação) 

Realmente não sei porque alguma pessoas compram motos acima de 900cc. Este motor da Tiger, com o maravilhoso ronco dos três cilindros em linha, atende todas as necessidades, faz a moto chegar a 200 km/h e ainda se mostra mais econômico do que os gigantescos 1.200cc. Ah e eu rodei também na cidade. Dando calor em muito motoboy! Falando em calor, a grande reclamação é o calor do motor quando em baixa velocidade. Mas isso é suportável.

Em suma, a Triumph Tiger GT Pro é aquele tipo de moto que atende tanto o uso urbano, quanto estradeiro. Fazia mais de cinco anos que eu não pegava estrada de moto e não senti o menor cansaço. Viajei com um grupo de cinco motos num ritmo muito tranquilo e quando voltamos já comecei a planejar a próxima!

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Já pensando na próxima viagem! (Foto:Tite)


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