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Quanto cu$ta manter uma moto

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Ter uma moto é legal demais, mas e pra manter? 

Este texto foi publicado originalmente em 2006. De lá pra cá não mudou muita coisa, mas as motos exigem menos manutenção por conta da eletrônica. Mantive o texto da época, mas acrescenti algumas coisas para responder especialmente aos mimizentos que querem uma moto de 900cc, com manutenção de 125 moderna! O texto é longo, mas vale a pena!

NÃO BASTA COMPRAR A MOTO, É PRECISO PREPARAR O BOLSO PARA A MANUTENÇÃO

Felicidade é sair com uma moto novinha da concessionária e fazer inveja aos amigos. Tristeza é descobrir que o custo de manutenção é bem maior do que se esperava. Entre estes dois mundos existe um meio-termo que pode representar a conjunção entre a alegria de um veículo versátil, com a necessária economia.

Aquela famosa pergunta que sempre aparece na seção de cartas, "quanto custa a manutenção de determinada moto?", tem sempre a mesma resposta, desesperadora para a maioria: "depende". Sim, porque não existe melhor forma de controlar os gastos de manutenção do que você mesmo, ao pilotar de forma "afinada" e preventiva.

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Sim, os pneus gastam e ficam velhos! Se aparecerem rechaduras torque logo!

Pés de borracha

Entre os componentes mais consumidos depois de gasolina e óleo, evidentemente estão os pneus. As fábricas de motos e de pneus realizam vários testes para calcular uma média de consumo, mas pode haver grandes diferenças dependendo de fatores como temperatura, peso, calibragem e tipo de piso. Na escala de fatores contribuintes ao desgaste, o excesso de peso é o maior vilão. Por isso, quem roda frequentemente com garupa vai ver o pneu se consumir mais depressa. A temperatura e as condições do asfalto são os outros vilões contra a vida dos pneus. Quanto maior a temperatura, maior será o consumo e se você gosta de subir e descer guias de calçadas, ou rodar por estradas de terra, saiba que os pneus também não gostam de levar pancadas.

Finalmente, a calibragem deve ser rigorosamente respeitada, acatando as normas do manual do proprietário. Lembre-se de calibrar os pneus uma vez por quinzena, enquanto eles estão frios. Se por acaso refizer a leitura da calibragem com os pneus quentes e apresentar uma pressão maior, não esvazie, porque é normal o pneu "ganhar" pressão em função do aquecimento.

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A durabilidade do kit de relação depende muito do piloto.

Sempre molhada

Na escala de desgastes, a corrente é outra que requer atenção para não acabar com seu saldo bancário. E uma peça relativamente durável, quando tratada com carinho e respeito. Por exemplo, um descuido na hora de montar a roda e deixar o eixo desalinhado pode provocar um desgaste muito acentuado em todo conjunto de relação (coroa, corrente e pinhão).

Os cuidados são relativamente simples e se resumem a mantê-la corretamente ajustada e lubrificada. A temperatura elevada e a sujeira também aceleram o desgaste da corrente. A folga da corrente está especificada no manual e a lubrificação pode ser mensal, quando o uso for em áreas urbanas, ou quinzenal, se usar a moto em áreas rurais. E após rodar no piso molhado, sob chuva, é importante lubrificar a correr e para eliminar a sujeira.

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Pastilhas de freios são bem fáceis de trocar!

Lonas & Pastilhas

Um dos itens de pilotagem que exige cuidados, mas sua durabilidade está relacionada diretamente com a forma de pilotar, é o sistema de freios. Atualmente apenas os freios a tambor requerem regulagens freqüentes da folga, pois no freio a disco por acionamento hidráulico a regulagem é automática. Portanto a durabilidade estará ligada diretamente com a maneira de pilotar. Quem costuma deixar para frear "no limite", geralmente consome mais freio do que o motociclista que freia de forma suave, aproveitando a desaceleração provocada pelo efeito freio-motor.

Um dos maus hábitos que causam um desastre no freio traseiro é repousar a ponta do pé direito no pedal de freio. Mesmo sem perceber, você pode estar acionando levemente o freio. Além de provocar um natural aumento no consumo de freio, esse hábito gera um superaquecimento no sistema e pode levar à fadiga bem no momento em que você mais precisa frear! E, claro, como está prendendo a moto, o consumo de gasolina será evidentemente maior. Nas motos com freio a tambor, manter o cubo limpo, livre de poeira ajuda a preservar o sistema.

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Óleo do freio: fique de olho no nível e troque de acordo com a recomendação do manual.

Durabilidade

Atualmente a durabilidade das peças aumentou exponencialmente. Cerca de 20 anos atrás uma vela de ignição era um dos itens mais consumidos. Quem pilotava motos com motor dois tempos era obrigado a levar pelo menos um jogo de velas de reserva. As velas estão muito mais resistentes, mas trocar as velas a cada 12.000 km não vai te levar à falência e ajuda o motor a trabalhar melhor e de forma mais econômica.

Bateria

Outro componente que melhorou muito mas requer uma atenção para aumentar a durabilidade é a bateria. É um item caro, mas que felizmente recebeu tantas inovações que sua durabilidade é muito grande. Nas baterias seladas não há necessidade de manutenção, apenas os cuidados tradicionais para não desperdiçar energia, mantendo a moto desligada com farol aceso, por exemplo, ou aquele hábito já descrito de manter o pé apoiado no pedal de freio.

Nas baterias convencionais basta verificar e completar o nível de solução para que ela se mantenha saudável e forte por muitos anos. E lembre-se que as motos que rodam pouco castigam mais a bateria do que aquelas que saem de casa todo dia. O que estressa a bateria é a recarga após um longo período de descarga. Quem roda pouco precisa lembrar de dar algumas "esticadas" eventualmente porque o alternador tem a sua melhor capacidade de recarga na faixa de média de rotação, o que, em algumas motos, significa acima de 5.000 rpm.

Mesmo assim, toda bateria chega ao fim, não prolongue demais a hora da troca, sobretudo se sua moto tiver injeção eletrônica, porque pode comprometer todo o sistema elétrico. Outra vantagem dos modernos sistemas elétricos é que não há mais as antigas fugas de corrente. Ou seja, você pode deixar sua moto parada por muito tempo, sem necessitar soltar os cabos da bateria e outras manobras.

Quanto custa?

Existe ainda a manutenção imprevista, ou indesejável, provocada por eventuais quedas. Para saber se sua moto é "cara" neste item, faça uma lista das peças mais "quebráveis" como piscas, manetes e espelho retrovisor e ligue para ao menos três concessionárias, com esta cotação será possível avaliar se um tombinho infantil custa pouco ou te levará à ruína.

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Quer saber o real custo de uma possível queda? Pesquise o preço de alguns itens.

Existem relatos das mais malucas previsões de durabilidade. Já vimos casos de o mesmo pneu durar 4.000 km com um motociclista e 15.000 km com outro. A peça mais importante na durabilidade das peças é o bom senso. Basta obedecer algum critério na manutenção e a moto fara jus à tradição de veículo económico e acessível.

Sem gambiarras

Trocar as peças pode custar caro, mas prolongar demais seu uso pode sair mais caro ainda. O caso mais clássico de pão-durismo é do motociclista que "corta” elos da corrente de transmissão. Ora, se ela atingiu um estado que não permite mais ajustes, troque. Cortar um ou dois elos da corrente pode ser uma solução econômica num primeiro momento, mas depois que a corrente quebrar e te deixar no meio da estrada isso vai te custar caro pra caramba! Fora o tombo! A mesma coisa vale para os freios a tambor. Aquelas gambiarras de inverter as lonas é coisa do passado. Depois que a lona se ajustou ao cubo, a mesma lona dificilmente irá proporcionar eficiência se mudar de posição. A economia vai parecer interessante num primeiro momento, mas depois de perceber a queda na eficiência você concordará que certas economias não compensam.

Como gasta

Multos anos atrás fui convidado a acompanhar um teste de durabilidade de pneus. Durante uma semana rodei cerca de 500 km por dia e ao final de cada dia era feita uma checagem para avaliar o desgaste dos pneus, além de a moto passar por uma revisão de forma a nada interferir na medição. Durante esta avaliação descobri algo inédito: o consumo do pneu não é constante, ou seja, ele desgasta mais lentamente à medida em que vai acabando sua vida. Nos primeiros quilômetros de vida o consumo de borracha é mais rápido, por isso muita gente se ilude, acreditando que seu pneu novo este gestando depressa demais. Outra descoberta é que pneus não apenas ficam gastos, mas também VELHOS! Aquele motociclista que roda muito pouco deve ficar de olho porque seu pneu pode estar aparentemente novo, mas a borracha já está envelhecida e não oferece a mesma aderência. Para verificar se ele está velho, basta consultar entre os sulcos. Se aparecer algumas rachaduras como uma porcelana trincada, o pneu está velho. Uma das informações que aparece na lateral do pneu é a data de fabricação. Pneus com mais de 5 anos já estão comprometidos.

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Se a corrente escapar pode causar acidente grave!

A (falta de) manutenção que derruba

Existem três itens de manutenção que podem te derrubar: pneus, freios e relação de transmissão. Pneus, porque a moto só tem dois, se um falhar fica sem nenhum porque motos não se equilibram em uma roda. Freios, porque se o freio falhar além da pancada pode levar à consequências físicas bem graves. E relação, porque uma corrente frouxa pode quebrar ou se soltar da coroa. Se ela quebrar, menos ruim, porque vai sair voando e tudo bem. Mas às vezes ela pode embolar no eixo primário e causar um prejuízo monstro. Mas pode piorar: se ela apenas escapar da coroa e encravar nos parafusos e porcas que prender a coroa à roda. Neste caso a roda traseira pode travar. E sabe quando a corrente escapa? Quando o piloto desacelera, o que na maioria das vezes, é bem na entrada da curva!

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Pneus novos salvam vida: clique na foto e escolha o pneu certo pra sua moto.

Falta de peça é verdade?

Um dos mimimis que mais leio e escuto é que determinada moto “não tem peça de reposição”. O abastecimento de peças é uma exigência protegida pelo Código de Defesa do Consumidor. A fábrica é obrigada a manter estoque de peças por até dez anos após a retirada do produto de linha.

O que acontece de fato é que em alguns períodos de produção acelerada, o fabricante não consegue abastecer o mercado de reposição porque as peças estão todas sendo usadas na linha de montagem. Parar a produção é mais grave do que desabastecer o mercado. Mas é preciso saber uma lei universal do mercado: motos com baixa produção terá menos peças disponíveis.

A nosso favor temos a internet, que não tem fronteiras. Às vezes a peça que está procurando está a um click de distância. Não só aqui, mas em qualquer parte do mundo. Deixar de comprar uma determinada moto por medo de não encontrar peças é coisa do passado.

Outra questão que preocupa é o preço das peças originais. Não precisa ser muito especialista para entender que as pecas originais compradas na concessionária são bem mais caras. Por que isso acontece? Primeiro porque é exatamente a peça da sua moto. Não é só isso. O comerciante que vende a peça no balcão da concessionária tem uma estrutura muito maior do que um lojista que tem um pequeno comércio. Uma concessionária tem de 30 a 40 funcionários, estoque de toda linha – inclusive as descontinuadas – equipes treinadas na fábrica e precisa sustentar tudo isso não apenas com venda de moto. As peças e serviços tem papel importante no faturamento. Já o pequeno tem uma estrutura bem menor e pode trabalhar com margens menores.

Mas não esqueça: hoje pode-se conseguir tudo pela internet!

A importância das revisões

Outro mimimi que não aguento mais é a conversinha de que ss revisões são caras. Ora, leia o item anterior para entender que manter uma concessionária não é um ato de altruísmo, é um comércio como outros. Algumas marcas chegam mesmo a oferecer revisões grátis, incluindo troca de óleo. Mas quem optou por uma moto “premium” não pode esperar uma manutenção “favelum”.

No meu tempo as motos exigiam manutenções constantes e complexas. Para ter uma ideia, no jogo de ferramentas vinha uma lâmina de calibração para regular as válvulas e o platinado! Hoje em dia a revisão checa os itens de consumo mais comuns como freio, relação, e troca de óleo. No manual de oficina constam os itens que necessitam conferir o torque de aperto como caixa de direção, porcas dos eixos etc.

Eu costumo fazer o seguinte: durante o período da garantia faço as revisões previstas para receber o carimbo da concessionária e realizar eventuais recalls. Passado esse período eu mesmo faço a revisão em casa, ou levo a uma oficina de confiança. Mas anoto no manual todas as operações realizadas. Quem compra minhas motos nunca fica sem essa informação.

O importante é saber que as revisões são sim necessárias porque o uso da moto, a vibração do motor e a buraqueira das ruas castigam as motos e itens como raio das rodas, ficam esquecidos até que um se quebra. E você sabe: se quebrar um os outros ficam com ciúmes e vão se quebrando tudo junto!

 


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