É nóis no Rio de scooter&skate. Foto: Renato Durães.
A cara do Brasil
Conheça o scooter Honda SH 150i
O cenário não poderia ser mais adequado para o primeiro teste: as ruas e avenidas do Rio de Janeiro, com direito a subida – e descida – de uma bela e sinuosa estrada dentro da floresta da Tijuca. Tive a chance de pilotar no trânsito pesado (cada vez mais), nas avenidas com alto limite de velocidade e nas curvinhas da estrada da Tijuca. E lembrei demais da minha viagem pela Costa Amalfitana, na Itália, quando aluguei um Honda SH 125.
Primeiro vale uma explicação: este tipo de scooter com rodas grandes (16 polegadas) e fundo reto são mais chamados de motonetas e lembram as cubs dos anos 70. Na Itália, terra dos scooters, o SH 125 é o modelo mais vendido desde o lançamento e também recebeu a versão 150, que já é o mais vendido do país.
Rodas de 16"são garantia de estabilidade. Foto: Caio Mattos.
Como já foi mostrado anteriormente, esse novo scooter traz uma série de novidades, como a chave keyless ou os faróis full led e herdou outros detalhes como sistema hidling stop, que desliga o motor quando fica mais de 30 segundos imobilizado. Também tem uma prática tomada 12V para carregar os gadgets, mas não é USB, precisa de um adaptador. Hoje em dia seria mais adequado uma tomada dupla, com saída USB.
Nem vou me estender muito na descrição técnica e detalhes porque está tudo neste LINK. Por isso vamos direto ao como anda, freia, supera obstáculos etc.
Tiozinho não resiste um rolê. Foto: Caio Mattos.
Nas ruas do Rio
Para responder a uma das perguntas mais ouvidas sobre o novo SH 150i “é melhor que o PCX?”, a Honda foi esperta e colocou os jornalistas primeiro para rodar no PCX, que numa analogia bíblica, doou uma costela (no caso o motor) para dar vida ao SH. Foi bom para quem nunca tinha pilotado esse modelo, menos pra mim, porque tenho um PCX que uso todos os dias e rodei uns 350 km de SH 125 na Itália. Portanto já conhecia bem os produtos, só precisava conferir essa versão bem mais moderna com motor 150 injetado.
A primeira boa impressão fica por conta do estilo. Este tipo de scooter de fundo plano e rodas 16 polegadas dominam a cena urbana nas cidades europeias. Em um estacionamento público de Ravello encontrei um mar de scooters, praticamente 100% deles nesta configuração. Os scooters baixos (chamados de “jets” por lembrar um Jet-ski) praticamente desapareceram das ruas ou se limitam aos com motores 50cc dois tempos.
Essa preferência pelas motonetas se deve principalmente ao porte maior, que transmite mais segurança, e ao conjunto de rodas e pneus que se aproxima mais ao das motos. A posição de pilotagem deixa as pernas menos dobradas e o corpo mais ereto. Passa realmente a sensação de estar pilotando uma moto automática.
Se eu encarei a descida da Vista Chinesa? Nem... tem muita curva. Foto: Caio Mattos.
Durante o trecho urbano do (caótico) trânsito do Rio, pude confirmar a postura mais adequada e cheguei mesmo a achar o banco um pouco alto e largo. A altura do banco ao solo é de 799 mm, contra 761 mm da PCX. A altura total da SH 150 é de 1.158 mm enquanto a da PCX é de 1.103 mm. Portanto nem é tão alta, mas como o banco é mais largo, tem-se a impressão de ser bem mais alta.
O painel é bem completo, inclusive com um display que indica o consumo instantâneo (como na PCX). Não gosto muito de fazer teste de consumo por julgar que é necessário ter equipamentos adequados, mas só por curiosidade, durante o rolê no Rio o consumo médio indicado foi de 43,7 km/litro. Nada impossível e se aproxima ao da PCX no uso urbano. Com um tanque de 7,5 litros é prevista uma autonomia média de 300 km.
A posição de pilotagem é mais ereta e prum cabra de 1,70m sobra espaço. Foto: Renato Durães.
Ao pegarmos a via expressa Infante Dom Henrique, no aterro do Flamengo, com um limite de velocidade de 90 km/h, consegui acelerar com vontade e perceber que em termos de rendimento é bem semelhante mesmo ao PCX. Claro que os PCX que usamos estavam já bem mais amaciados e “soltos”, mas como os roletes da transmissão do SH 150 estavam novinhos ele pareceu que tem uma arrancada mais vigorosa, mas nem importa, porque os veículos tinham quilometragem bem diferentes e nem se pode comparar. O SH é um pouco mais pesado (129 kg contra 125 kg da PCX), valor até desprezível no rendimento.
O que importa é a postura do piloto mais alta e ereta no SH 150 realmente transmitir uma sensação de empoderamento (palavra bem da moda), semelhante ao que provocam os carros mais altos.
Longe de ser impressão, mas fato, é a sensação de estabilidade proporcionada pelas rodas de 16 polegadas. Lembre que quanto maior for o perímetro de um círculo maior é o efeito giroscópico e isso é simples Física aplicada. Por isso ele efetivamente é mais estável tanto nas curvas, quando nos buracos. Os pneus são 100/80-16 na frente e 120/80-16 na traseira, mais largos que os da PCX (90/90-14 e 100/90-14).
Scooter, skate e Rio de Janeiro, tudo a ver. Foto: Tite
A suspensão também se aproxima mais às das motos, com garfo telescópico na dianteira (curso de 100 mm) e amortecedores reguláveis na carga da mola na traseira (95 mm de curso). Rodei com os amortecedores traseiros na regulagem mais “macia” o tempo todo e para os meus 72 kgs absorveu bem o terreno, buracos e lombadas (a título de informação, as ruas do Rio estão bem mais lisas do que as esburacadas paulistanas). Para usar uma imagem mais cotidiana, o SH “pula” bem menos que o PCX.
Amalfi é aqui
Quando viajei de SH 125 pela costa Amalfitana, na Itália, encarei estradas sinuosas, com mais curvas que um intestino delgado e subidas íngremes. Tudo com a mulher na garupa. Já tinha achado a motoquinha bem valente, mas era bem rodada (a moto, por favor!) e o freio traseiro era horrível (a tambor). Nosso teste no Rio pegou uma estradinha muito parecida, com curvas em subida. Ainda bem que a Honda optou pelo motor 150 no Brasil (na Itália existe a versão 125 até hoje), com freios a disco e sistema ABS, porque me senti bem mais seguro, mesmo acelerando mais e deitando mais nas curvas. Já posso imaginar alguma agência alugando estes scooters para turistas.
Estacionamento em Ravello. Tenta achar um scooter baixo nessa foto. Foto:Tite
Só achei os freios um pouco exagerados, quase nem precisa usar o freio dianteiro, só mesmo para frear com vontade! A maior parte do tempo usei apenas o freio traseiro que segurou bem a onda em ritmo civilizado.
Alguns detalhes farão diferença na hora de escolher um SH 150i, como as luzes “full leds”, que dão um aspecto bem sofisticado, chegando mesmo a confundir com a SH 300i. E o muito bem dimensionado e projetado bagageiro que já vem pronto para receber o bauleto. Sem exagero, quase 90% dos scooters que se vê rodando nas ruas da Europa tem o bauleto fixado no bagageiro. Alguns são até item de série. Porque o porta objeto sob o banco cabe apenas um capacete e olha lá. Eu aproveitei o bagageiro para levar meu skate mini-cruiser para um rolêzinho na Vista Chinesa.
No Brasil não terá pára-brisa nem como opcional. Foto: Renato Durães.
Diria que os dois modelos conviverão pacificamente, sendo que o PCX deverá atrair quem já teve ou ainda tem moto e o SH deverá ser a opção de iniciantes que não agüentam mais rodar de carro no trânsito carregado. Por ter o fundo plano facilita a pilotagem por mulheres que precisam usar roupas sociais. É possível pilotar de tailleur sem dificuldade (esse teste não fiz, mas imaginei).
Outro fator que pode pesar na decisão é o preço: R$ 12.500 contra R$ 10.800 da PCX, mas acredito que passada a euforia do lançamento essa diferença diminua. O SH tem alguns itens de luxo como a chave com sensor de presença. Basta colocar ela no bolso e se aproximar que o scooter fica ativado. Ah, não vem um sensor reserva, portanto não perca! Mas caso perca, existe uma forma de ligar sem o sensor, só que não vou contar porque os manos também lêem o meu blog!
Sem roupa! esse pára-lama dianteiro é feio mesmo!
Falando em mano, não dá para mencionar o já famoso IPM – Índice de Pegação de Mina (ou mano). Não consigo imaginar uma mina se derretendo de paixão por um gato que aparece de SH 150i. Até porque esse scooter é a cara delas e em um mundo que prega cada vez mais o empoderamento feminino o ideal é ela comprar um SH pra chamar de seu.
FICHA TÉCNICA
MOTOR |
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Tipo | OHC (Over Head Camshaft), monocilíndrico, |
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Cilindrada | 149,3 cm3 |
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Diâmetro x Curso | 57,3 X 57,9 mm |
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Potência Máxima | 14,7 cv a 7.750 rpm |
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Torque Máximo | 1,40 kgf.m a 6.250 rpm |
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Sistema de Alimentação | Injeção eletrônica de combustível PGM-FI |
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Sistema de Lubrificação | Forçada por bomba trocoidal |
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Relação de Compressão | 10,6 : 1 |
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Tanque de Combustível | 7,5 litros |
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Transmissão | Tipo CVT |
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Embreagem | Embreagem automática centrífuga (tipo seco) |
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Óleo do Motor | 0,9 litros (0,8 litros para troca) |
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Sistema de Partida | Elétrica |
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Combustível | Gasolina |
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Ignição | Eletrônica |
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Bateria | 12V – 5 Ah |
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Farol | LED |
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Tipo | Monobloco (Underbone) | |
Suspensão Dianteira / curso | Garfo Telescópico / 100 mm | |
Suspensão Traseira / curso | Dois amortecedores / 95 mm | |
Freio Dianteiro / Diâmetro | Disco com 240 mm (ABS) | |
Freio Traseiro / Diâmetro | Disco com 240 mm (ABS) | |
Pneu Dianteiro | 100/80 16M/C 50P | |
Pneu Traseiro | 120/80R 16M/C 60P | |
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Comprimento x Largura x Altura | 2.026 mm x 740 mm x 1.158 mm | |
Distância entre Eixos | 1.340 mm | |
Distância Mínima do Solo | 146 mm | |
Altura do Assento | 799 mm | |
Peso Seco: | 129 kg |